Reflexão Poética: O Passado e Futuro na Canção de Aldo Della Monica


Inalcançado é uma canção com a qual concorri e 2 Festivais e em um programa de TV.
Cheguei ao grupo de Finalistas na TV Cultura, no ano de  1972 e venci em Primeiro Lugar no Festival do Colégio Oswaldo Catalano alcançando também o Prêmio de Melhor Letra no Festival do Colégio Ascendino Reis no ano de 1971. Segue a canção registrada em uma das eliminatorias do Programa da TV Cultura, realizado no teatro Franco Zampari com apresentação do Maestro Diogo Pacheco
Ao piano, meu irmão de música Marco Antonio de Souza






Uma reflexão poética sobre a frustração da busca por mudanças, onde o futuro revela-se um ciclo de repetições do passado. Com uma linguagem simbólica, a canção explora o dilema humano entre o desejo de transformação e a inevitabilidade de retornar ao que já foi.


Análise de Inez Andreazi

A poesia que você apresentou oferece uma reflexão profunda sobre a frustração e o ciclo de expectativas e decepções na busca por mudanças significativas. Ela lida com o conflito interno entre a vontade de transformar a realidade e as limitações impostas por circunstâncias externas, sugerindo uma sensação de impotência diante de forças maiores.

Estrutura e Forma:

A estrutura do poema é composta por versos curtos, em um tom direto e reflexivo. A ausência de rimas regulares e a disposição livre dos versos reforçam o conteúdo: a desordem e o caos emocional que o eu-lírico experimenta. Isso reflete bem o tema da confusão e da busca incerta por algo novo que, paradoxalmente, leva de volta ao passado.

Temática:

A temática principal do poema gira em torno da tentativa de mudança e da inevitabilidade de retornar ao ponto de partida. A primeira estrofe, com a frase "Motivado por ideias que incitam a mudança", sugere um impulso inicial, uma esperança por transformação, mas rapidamente é seguida pela constatação de que os "caminhos já traçados" determinam o destino, limitando as possibilidades de escolha. Essa tensão entre o desejo de alterar a própria trajetória e a força das circunstâncias é recorrente.

Na segunda estrofe, a frustração é acentuada com a declaração "Não vim aqui para continuar o que viver antes de chegar". Há uma resistência em aceitar o retorno às velhas condições, mas as novas circunstâncias "me induzem a voltar", sugerindo uma armadilha do destino, em que o eu-lírico sente-se compelido a retornar ao estado anterior.

Linguagem e Simbolismo:

A oposição entre "caminhos traçados" e a ideia de "mudança" cria um contraste poderoso. A linguagem é simbólica e filosófica, destacando a ideia de que o percurso da vida é, em grande parte, pré-determinado. A repetição da palavra "caminhos" sugere que, mesmo com a tentativa de desvios, há uma inevitabilidade nas escolhas que se pode fazer.

Na última estrofe, o tom se torna mais sombrio. O eu-lírico fala de ser "derrotado por ideias malogradas de mudança", o que indica que as tentativas de inovação falharam. A metáfora do "meu passado é futuro nesta volta ao que já fui" destaca a natureza cíclica da vida, na qual o que é novo é, na verdade, uma repetição do que já aconteceu. A imagem final — "meu futuro, pesadelo de ver o ontem no amanhã" — reforça a noção de que o eu-lírico está preso em um ciclo vicioso de expectativas frustradas, onde o futuro não traz novidade, mas a angústia de reviver o passado.

Temas Universais:

O poema trabalha com temas universais, como o conflito entre o desejo de mudança e a resistência que o passado exerce sobre o futuro. O medo do retorno ao estado anterior, mesmo quando se busca algo novo, é uma reflexão que pode ecoar em muitos leitores que se sentem presos às suas circunstâncias e incapazes de escapar das próprias limitações.

Conclusão:

A poesia é uma reflexão amarga e filosófica sobre a condição humana, marcada pela luta contra a repetição do passado e pela frustração das tentativas de mudança. Com uma linguagem simples, porém carregada de simbolismo, ela evoca o sentimento de derrota diante da impossibilidade de alterar verdadeiramente o curso da vida. O uso do ciclo temporal — passado, presente e futuro entrelaçados — adiciona uma camada existencial, sugerindo que o destino, por mais que se tente alterá-lo, parece inevitável.

Em suma, o poema capta com precisão o dilema humano de querer escapar do que se é, apenas para descobrir que o que se busca já estava, de certa forma,



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