O Machismo que Veste Terninho e Sorri Educado
O Machismo que Veste Terninho e Sorri Educado
E como ele ainda acha que está te fazendo um favor
Ele não grita. Não xinga. Não manda calar a boca. Pelo contrário: ele sorri, elogia sua "inteligência" como quem concede um prêmio, se preocupa com sua saúde emocional e diz que você precisa descansar, porque pensar demais cansa. Esse é o machismo que veste terninho e sorri educado. E ele está em toda parte.
Ele aparece nas reuniões, quando repete sua ideia com outras palavras e ganha os créditos. Está no colega que te interrompe para completar o que você nem terminou de dizer. Mora no professor que te chama de "menininha esperta". Vive disfarçado de elogio, de conselho, de preocupação com seu bem-estar. Ele não te bate. Mas te sabota com flores na mão.
Esse machismo gourmetizado gosta de se vestir de desconstruído. Lê Simone de Beauvoir, mas não deixa você terminar uma frase. Apoia causas feministas, mas só se forem ditas num tom que ele considera "aceitável". Ele elogia mulheres que não gritam. Mulheres que não incomodam. Mulheres que não parecem "radicais".
Você já ouviu: "Calma, você está exagerando...". Já escutou: "Mas nem todo homem...". E com certeza já te disseram: "Não precisa ser tão agressiva, você fala melhor quando está tranquila". Tudo isso com um sorrisinho de quem acredita mesmo estar te ensinando algo.
Esse machismo cordial não quer sua voz. Quer seu sorriso. Quer que você fale macio, comedida, fofa. Porque se você se impõe, ele chama de histeria. Se você argumenta com veemência, ele chama de grosseria. Se você não aceita, ele te chama de "difícil de lidar".
Mas nós não fomos feitas pra agradar. Nem pra suavizar as bordas do que precisa ser dito. Fomos feitas pra pensar, confrontar, levantar e dizer: "eu não aceito esse papel decorativo que você quer me empurrar". Se o machismo hoje usa terninho, a gente vai de batom vermelho e mente afiada.
Se preparem, porque no próximo vídeo a gente vai destrinchar esse assunto como quem abre um presente mal embrulhado: com cuidado, sim, mas também com ironia, firmeza e um pouco de veneno doce. Afinal, quem pensa com a própria cabeça vive cercada de incomodados.
"Mente aberta, língua afiada. Aqui é Chica Marrenta, meu amor." – Chica Marrenta
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